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VIOLA DE FANDANGO

Construtor: Pica-Pau

Cananéia  SP

 

Essa viola de Fandango chegou às minhas mãos por meio do amigo Elmôr Atala, um grande conhecedor de Rabecas e Violas. Ele teve a oportunidade de visitar vários artesãos históricos e importantes nessa área, sendo também proprietário de uma coleção respeitável de instrumentos musicais, muitos dos quais estão sob a guarda do Museu Barroecordas Instrumentos Musicais da Tradição Paulista.

Eu conheci o Pica-pau (apelido do artesão que construiu essa viola), em uma das viagens que fiz com a Sandrinha à Cananéia.

 

Num passeio nas proximidades do bairro São Paulo Bagre, soubemos que por ali morava um artesão que fazia Rabecas e Violas e resolvemos visitá-lo.

 

Ele morava com sua família numerosa em uma casa espaçosa com quintal amplo localizada na beira da estrada. Pica-pau trabalhava com madeira construindo barcos, remos, cercas, instrumentos musicais e outros apetrechos.

 

Conversamos durante um tempo a respeito de afinações, enquanto me mostrava algumas Violas em acabamento, mas não tinha nenhuma pronta na época.

 

Mostrei a viola que eu havia comprado do Davino e ele até posou para uma foto com ela nas mãos.

Nos despedimos com a promessa de eu voltar para comprar uma viola, porém, nunca mais vi o Pica-Pau.

É importante dizer que antigamente esse negócio de fazer ou vender instrumentos musicais era muito diferente de hoje. Na época em que eu e a Sandrinha corríamos o interior e o litoral, os artesãos faziam os instrumentos para tocar nas festas e, ao final das funções, vendiam o instrumento se alguém por ele se interessasse.

Os fazedores de Rabecas e Violas tinham outro ganha-pão e ninguém nessa área da música original vivia de fazer instrumentos musicais. Eram pedreiros, pescadores açougueiros etc e construíam os instrumentos para a época de festa.

 

Para comprar uma Viola ou Rabeca tinha de ter a sorte de encontrar algum artesão que tivesse uma guardada.

 

Os que vinham de fora fazendo perguntas a respeito de algum morador local nem eram recebidos em algumas comunidades rurais. Diferente de hoje que há Centros de Cultura em todo lugarejo e as informações na maioria das vezes estão centralizadas.

 

Há uns anos, conversar com um personagem desses era uma aventura.

Valmir

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