Museu Barroecordas Instrumentos Musicais da Tradição Paulista
Batuques
Mostrarei aqui um acervo de instrumentos artesanais feitos por mim e por outros artesãos.
Saindo um pouco do grupo das cordas, serão expostos Membranofones e Idiofones.
São instrumentos que fizeram parte da minha caminhada.
Tanto os construí quanto os toquei e hoje fazem parte do meu acervo pessoal.
Idiofones
Som
CHOCALHOS Construtor: Anônimo Vale do Ribeira SP
Nas inúmeras viagens que fizemos ao Vale do Ribeira, visitamos e conhecemos vários Quilombos.
Não lembro exatamente em qual comunidade adquirimos esses chocalhos, pois estão conosco há muitos anos. Lembro, porém, que eram usados para acompanhar um canto de voz e chocalhos.
Na época em que andávamos pelos Quilombos do vale do Ribeira no final dos anos 1990, os mapas oficiais diziam que o maior número de Comunidades Quilombolas se encontrava no estado de São Paulo. Hoje em dia não sei como está essa contagem.
Nessas viagens, a nossa maior aventura era atravessar o rio Ribeira de Iguape pra chegar ao Quilombo de Ivaporunduva, pois se atravessava o rio numa parte bem revolta e barulhenta.
O barulho das águas aumentava a sensação de perigo, e a travessia era feita em uma canoa daquelas que se escava em tronco de árvore e tinha por tripulante somente um homem que ficava em pé na popa com um grande remo de pau.
Era subir na canoa e começar a rezar.
É importante dizer que bem antigamente, apesar de algumas iniciativas na divulgação dos trabalhos nesses quilombos, quase ninguém de fora da região os visitava, somente alguns alunos de escolas próximas, ou de vez em quando, de alguma faculdade da capital.
E eu e a Sandrinha eramos vistos com surpresa e curiosidade pelos moradores.
Som
ESPADAS DE MADEIRA com guizos
Construtor : Valmir Rosa
São Paulo SP
Espadas que funcionam como Bastões de Ritmo
No passado,eu construía essas peças pra grupos de Congadeiros e outros.
Restaram hoje apenas 3 espadas que guardo com carinho.
Desde o começo das nossas andanças pelas festas populares, eu como devoto , sempre acompanhei as Congadas, Moçambiques e Marujadas.
Hoje em dia, só participo de um grupo, o "Grupo de Marujos Santo Antonio" da cidade de Itabira MG.
De vez em quando me encontro com eles e toco viola pra louvar São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.....Salve Maria !
Som
AFUXÊ DE CABAÇA
Construtor: João Junior
São Paulo SP
Esse Afuxê foi feito com uma rede de miçangas sobre uma cabaça.
Ganhei de presente de aniversário do meu amigo João Junior.
João Junior é um exímio construtor de Instrumentos Musicais, e um amigo que teve um papel muito importante na minha vida de artesão e tocador.
Eu e o João Junior trabalhamos juntos por muitos anos, vendendo em feiras e praças de São Paulo os instrumentos que fazíamos.
Pode-se dizer, que nessa época, "começo dos anos 90" se iniciava a minha carreira de fazedor de instrumentos musicais, junto ao meu amigo João Jr.
PAR DE TAMANCOS Construtor : Anônimo
Cananéia SP
No caso do Fandango Caiçara os Tamancos
funcionam como um poderoso instrumento musical.
O povo costuma dançar com esses tamancos por cima de um tablado de madeira, e assim o som ritmado das batidas é amplificado.
Antigamente, o tablado era posicionado sobre um buraco na areia potencializando ainda mais o som das batidas. Talvez isso ainda ocorra, faz tempo que não vou ver os Fandangueiros.
Estou desconfiado que esses tamancos do acervo foram feitos pelo Almir de Cananéia mas não tenho certeza. Se eu confirmar essa autoria, coloco aqui.
Som
Som
SINO DE BARRO
Construtora : Sandra Abrano
São Paulo SP
Essa peça é um sino de barro cozido, feito por minha companheira Sandra Abrano.
Companheira na vida e nas aventuras, conhecedora das tradições que envolvem a cultura caipira. Sandrinha é ceramista e faz vários tipos de instrumentos musicais em cerâmica.
Ela fez uma série de sinos estilizados retratando o cotidiano das mulheres, a maioria participando de festas tradicionais como essa da fotografia, tocando um adufe.
O sino de barro é queimado em alta temperatura, num forno que ela mesma construiu com uma amiga, portanto, não é tão frágil quanto parece.
Esse sino em questão participou de algumas gravações de CD RABECAS & VIOLAS por possuir um timbre bem original.
Som
APITO DE BARRO Construtora : Sandra Abrano
São Paulo SP
Mais uma peça em barro, dessa vez um apito que simula o som do apito de um trem, por isso o chamamos Pio de Trem.
Esse tipo de apito,era feito por Sandra e já foi utilizado por vários músicos, contadores de estórias e outros artistas.
Eu mesmo já utilizei esse apito, várias vezes pra tocar o Trenzinho do Caipira, em vários teatros, casas de Shows e bibliotecas em São Paulo.
Som
ENXADA RODO
construtor : desconhecido
Taubaté SP
Essa enxada carrega uma grande carga de emoção e simbolismo.
Ela tem o som de um carrilhão, pois em cada lugar que a tocamos com uma baqueta, ela reproduz o som de um sino diferente. Alguns graves, outros agudos.
Adquirida na cidade de Taubaté ha muitos anos na época em que eu fui convidado à ministrar a minha primeira oficina de construção de instrumentos musicais.
A oficina era coordenada pelo Sesc Taubaté, e meus alunos seriam os internos do presídio semi-aberto de Tremembé.
Depois de uma reunião com os internos, todos escolheram fazer instrumentos do Samba,e assim foi realizada uma oficina de 2 semanas.Eu ia para o presídio pela manhã e retornava ao hotel lá pelas 17:00, uma turma de manhã e outra à tarde, e eu almoçava no presidio.
Eu e a Sandrinha ficamos hospedados no hotel San Michel por 2 semanas e foi nessa viagem, que a Sandrinha conseguiu pela primeira vez tirar o som de um apito de barro feito por ela mesma, ou seja descobriu sozinha como fazer as proporções e ângulos necessários pra que um bocal de ocarina emitisse o som. Um momento mágico.
Terminadas as 2 semanas de oficina,entramos pela Estrada dos Tropeiros e fomos passar uns dias nas "Cidades Mortas", que de mortas não tem nada, e fomos conhecer os violeiros, produtores de pinga,artesãos e artistas dessa região.
Essa enxada, me lembra tudo isso e ainda toca um som muito bonito.É um verdadeiro Carrilhão.
Som
Paiá Construtor : Valmir Rosa
São Paulo SP
Paiá de São Benedito, que eu fazia antigamente pro povo do Moçambique.
Esses guizos, são de estanho e latão que quando enferrujados soam muito melhor.
Como base pra amarrar os guizos na perna, eu usava uma coleira de cachorro.
