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VIOLA CAIPIRA

Construtor: Valmir Rosa

São Paulo SP

Viola de Compensado de Pinho com braço e cravelhal em Cedro Rosa.

Apesar de todos saberem que a madeira maciça nos dá uma resposta melhor no que diz respeito ao som, existe uma razão prática para se fazer violas usando o compensado.

Alguns gostam de dizer que é pela questão ambiental outros dizem que é para baixar o custo.

No meu caso, eu faço algumas violas maciças e outras em compensado, pois para algumas finalidades a viola de madeira maciça não me serve.

Eu sempre toquei viola em Folias, em festas ao ar livre e na Marujada e quem conhece sabe que esses ambientes são hostis para a madeira nobre. Nessas ocasiões, a gente toca viola no sereno, no sol forte, na garoa, na beira de fogueira, à noite ou de dia.

Certa feita, fui tocar numa festa ao ar livre em São Roque (SP) com uma turma de violeiros, debaixo de um sol terrível. Tinha gente passando mal e os trastos da viola queimavam o dedo. Nesse tipo de situação quem tem viola de madeira maciça até chora, pois o prejuízo é grande.

Acreditem, uma viola de tampo de Abeto não aguenta o dia a dia das festas populares. Só se as atividades forem bem controladas. Se for madeira maciça, tem de ser construída bem forte .

E, além disso, com madeiras populares ou compensado eu posso fazer uma viola onde quer que eu esteja.

Sem usar o compensado eu não poderia ter feito mais de vinte violas na Escola Estadual Professor Manoel Soares, em Ipoema, distrito de Itabira (MG), onde os alunos e os moradores aprenderam a fazer cada um o seu próprio instrumento, sem depender de madeira nobre e ferramentas caras.

Há alguns anos, estava eu na cidade de Aparecida com a Marujada Santo Antônio, de Itabira (MG) que acompanho sempre que possível. Depois de tocar por três dias subindo e descendo as ladeiras, estávamos às 18:00 hs do último dia da Festa de São Benedito, na última procissão da festa. Quando o cortejo desceu a ladeira da matriz velha sentido rodoviária, começou a cair o maior toró. A chuva era tanta que mal conseguíamos ver o grupo que desfilava a nossa frente.

Como não podíamos sair da formação, coloquei a viola de ponta cabeça debaixo do braço,  com o meu braço protegendo o furo da viola e o cravelhal apontado pra baixo.

Quando terminou a procissão estávamos ensopados.

De volta a São Paulo, havia só um leve descolado no fundo da viola, o que foi resolvido rapidamente. Se fosse uma viola de Abeto o prejuízo seria tremendo.

Acreditem, a viola que pegou toda aquela chuva é a que vocês estão vendo na fotografia agora.

Valmir

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