Museu Barroecordas Instrumentos Musicais da Tradição Paulista


RABECA DE 3 CORDAS
Construtor: Djalma de Freitas
Jacupiranga SP
A Rabequinha do Seu Djalma de Freitas tem um lugar especial em nossa coleção.
Da época em que viajamos um mês margeando o rio Ribeira de Iguape (de Itaóca à Iguape), aproveitamos para passar por Jacupiranga e procuramos pelo Seu Djalma, pois já sabíamos que ele fazia instrumentos musicais.
Na verdade, todos pensam que o Sr Djalma é de Jacupiranga, mas descobrimos que na realidade ele mora no bairro rural de Guaraú que fica entre Jacupiranga e Cajatí.
Pedindo informações pelo caminho, chegamos ao bairro de Guaraú onde, nos disseram, morava o tal homem que fazia violino de pau e viola.
As informações nos levaram à entrada de uma roça de banana. Fomos entrando, atravessamos igarapés e caminhamos um bocado. À vista, só bananeiras.
Por fim, chegamos a uma clareira em que havia uma casinha aberta, mas ninguém por perto. Batemos palmas, gritamos, e nada. Já estávamos desistindo quando apareceu um homem vindo da parte de trás da casa. Sua figura era diferente, roupa clara, limpinha em meio à tanto pó e terra, calças com vinco e barra dobrada, camisa clara de botões usada por fora da calça.
Nos apresentamos e depois de tudo explicado fomos convidados a entrar na casinha de piso de cimento queimado, super limpo. Na sala apenas um banco de madeira e o retrato de um casal na parede. Tudo era minimalista, contendo apenas o absolutamente necessário.
O Seu Djalma entrou lá pra dentro e voltou com algumas Rabecas e um Machete.
Depois de tocar um pouco e tirarmos fotografias, o Seu Djalma nos convidou a ir até a casa de um amigo que era o guardião dos instrumentos da Folia do Divino que eles tinham na região.
Pegamos uma Rabeca, fechamos a casa e entramos no carro. Depois de rodar um tempo por um caminho de terra, chegamos a uma casa afastada de Guaraú.
Uma família bem acolhedora nos recebeu. Um homem risonho nos convidou pra conhecer os instrumentos da Folia deles: uma caixa bem antiga, violas caipira, cavaco e outros.
Conversamos muito e depois de almoçar, tocamos um pouco. Levamos o Seu Djalma de volta à casa dele e seguimos viajem.
Dessa visita eu trouxe uma Rabeca e um Machete maravilhoso, além de muitas lembranças.
Soube que o Seu Djalma continua no Guaraú, porém não anda muito bem “das vistas”.
Qualquer dia desses eu volto pra revê-lo.




Aqui vemos o costume de alguns construtores, e uma particularidade do sr Djalma:
um pouco de breu derretido nas costas do cravelhal. isso nos ajuda muito, pois o maior problema do Rabequeiro é quando ele esquece o breu ou o breu acaba ou cai num rio ou algo parecido.
Com o breu derretido na Rabeca acabou esse problema.